quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Casadinhos de Goiabada II

 Fazer a massa é tranquilizante. E me lembra o Francesco, meu "filho" italiano, que viveu comigo de agosto de 2012 a junho de 2013. Ele veio para o Brasil com o mesmo programa de intercâmbio pelo qual a minha filha e eu mesma há 24 anos, também fizemos  intercâmbio, o AFS Intercultura Brasil (www.afs.org.br )-- entra lá e conheça mais--  Bom, o Francesco adorava preparar a massa de pizzas e tortas, receitas tradicionais da Itália que ele sempre comeu e no alto dos seus dezessete anos, nunca soube ou se interessou em saber como eram feitas. Aí aqui em casa, quando ele tinha que fazer um prato típico do país dele pra levar em alguma atividade do intercâmbio ou da escola, ele pesquisava as receitas na internet, no youtube... era sempre divertido ficar acompanhando porque eu tinha que dar a assistência.. .tipo a Ofélia e  a Aparecida (Lembra do Programa Cozinha Maravilhosa da Ofélia, que passava na Bandeirantes? Eu cresci vendo isso e achando o máximo!) ? Eu era a "Aparecida", ou seja, a assistente do Francesco... Pesava a farinha, media o leite, ajudava a traduzir o nome dos ingredientes pro português. Eu sempre me oferecia pra limpar a cozinha, porque ele era muito desajeitado, os ingredientes voavam pra todo lado...  Teve um sábado que ele convidou uma amiga do colégio pra vir aqui em casa fazer massa de pizza. aí eu fiquei de longe ouvindo a conversa e ele ensinando a ela que pra massa ficar boa, teria que ser amassada com as mãos e a garota não se convencia... Até que com muita insistência dele ela enfiou a mão na massa e morreu de se divertir. Lembro que a massa ficou muito boa. Enfim, pesquisando uma receita possível de Casadinho de Goiabada, lembrei que o meu filho italiano, quando comeu esse biscoitinho típico brasileiro pela primeira vez, ficou encantado. Na segunda vez ele disse que Casadinho de Goiabada era a melhor coisa pra se comer no mundo inteiro! Desde o  dia que ouvi ele falando isso, toda vez que ia as compras, procurava um pacotinho de casadinho de goiabada pra levar pra ele. Uns eram excelentes, outros nem tanto, mas ele sempre ficava feliz com os biscoitos e me agradecia muito. Em junho deste ano, quando o ritmo da Copa das Confederações e as manifestações  impôs uma rotina de trabalho intenso pra muita gente no jornalismo, depois de passar um longo dia no trabalho, fui comer numa lanchonete que fica distante da Rádio e achei um pacote de casadinhos de goiabada , cuidadosamente embalados, na vitrine. Comprei os biscoitinhos na maior alegria, trabalhei mais 3 horas feito doida e as nove da noite, quando entrei pela porta da sala com o saquinho de biscoitos na mão foi que me dei conta de que havia uma semana que o Francesco havia partido pra Itália, no dia 21 de junho. Como doeu saber que meu "filho" havia partido e sua presença ainda era tão forte em casa e sua companhia, que às vezes era sutil, era muito preciosa. Demorei oito dias pra chorar com a partida do Francesco  e fiz isso com um pacote de casadinhos de goiabada na mão.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Morda a língua!: Casadinhos de Goiabada

Morda a língua!: Casadinhos de Goiabada: Acho que sou uma das pessoas mais gulosas e mais ligadas em comida que conheço. Aprendi a cozinhar porque gosto de comer. Aprendi a cozinhar...

Casadinhos de Goiabada

Acho que sou uma das pessoas mais gulosas e mais ligadas em comida que conheço. Aprendi a cozinhar porque gosto de comer. Aprendi a cozinhar porque minha mãe e tias são excelentes cozinheiras, porque é comum na nossa família que uma pessoa experimente uma comida numa festa muito grande, por exemplo, uma festa de casamento e, ao invés de pedir a receita para alguém do bufê, elas passem semanas testando a receita e estufando suas amadas crianças com os experimentos. É bom contar isso porque agora estou vivendo uma fase muito chata. Desenvolvi uma alergia a alguma coisa que não sei o que é, mas que é comestível. Tem um médico alergista famoso aqui na cidade que disse que eu estou intoxicada. Não sei de quê. Mas ele é o coroado e eu sou a paciente perebenta, melhor seguir o que ele pediu. Uma dieta restritiva de um monte de alimentos. Entre eles laticínios e chocolate. Coisas que amo. Quem vive sem um brigadeiro? Eu! Bom, a sorte é que como eu gosto de cozinhar, saí a cata de um monte de receitas, conversei com um monte de gente que tem alergias. Uma das pessoas com quem conversei desenvolveu alergia a ovo depois de adulta. Aliás, já avó, e adorando cozinhar... Deve doer o coração não poder fazer um bolo pros netinhos. Aliás, se for fazer um bolo, tem que ser um bolo sem ovo, porque só de encostar no ovo ela fica empolada e tem que tomar antialérgicos. E os antialérgicos em excesso despertam na gente uma vontade de chorar, porque o remédio deixa a gente grogue. Eu tenho me sentido mal faz umas semanas já. Quando a alergia ataca eu faço coisas possíveis. Uma das coisas possíveis que faço é algo que sempre me acalmou: fazer biscoito. O segredo é achar a receita certa com os ingredientes com o qual posso lidar. Tirando o ovo e o leite sobra bastante coisa. Um amanteigado feito de margarina, açúcar e amido de milho, fécula de batata, fécula de mandioca (o polvilho), com aroma de frutas, canela, fubá e coco...